O setor ligado à pesca da sardinha fez chegar ao Diretor Geral dos Assuntos Marítimos e das Pescas, em Bruxelas, um documento onde espelha a "revolta" com o limite estabelecido para o novo período de pesca.
É afirmado no documento que, nos últimos anos, "o setor ibérico da produção de sardinha tem vindo progressivamente a contribuir para garantir a obtenção da sustentabilidade da pesca da sardinha nas suas águas, de acordo com os objetivos da Política Comum de Pesca, adotando para esse efeito medidas de gestão muito vigorosas que culminaram em 2018 com mínimos históricos em termos de esforço de pesca, de volume de capturas e de mortalidade por pesca". Os Governos de Espanha e Portugal aprovaram os condicionamentos da pesca da sardinha para 2019, sendo10.799 toneladas a quantidade inicial que os dois países ibéricos acordaram para o corrente ano. No entanto, ambos os diplomas salientam a possibilidade de novas avaliações poderem recomendar aumentar essa quantidade ainda no decorrer do ano de 2019. Esta é a causa da "indignação" e "revolta" manifestada pelos agentes do setor, face às "diminutas possibilidades de pesca de sardinha para 2019", que são, segundo afirmam, "as mais reduzidas de sempre na história da pesca da sardinha nestes países". Para os pescadores o limite "não respeita o indispensável equilíbrio social e económico desta pescaria enquanto grande objetivo da Política Comum de Pesca da União Europeia", sendo "de tal forma insignificante que não vai garantir as condições mínimas para a sua sobrevivência, ajudando desta forma ao declínio e eventual desaparecimento do setor da pesca de cerco em ambos os países". Os pescadores de sardinha de Portugal e de Espanha também estão indignados e revoltados porque não conseguem compreender os fundamentos e os motivos apresentados para explicar o facto de dados científicos muito relevantes e muito positivos dos anos de 2018 e de 2019, em termos de biomassa e de recrutamento, não terem sido reconhecidos e integrados nas propostas. Segundo o setor, há uma "grande discrepância temporal entre a realidade e os dados utilizados pela comunidade científica para as suas avaliações". O exemplo é dado com o valor da biomassa de sardinha, com mais de um ano, que apresentava uma previsão de apenas 148.695 toneladas, quando a realidade avaliada no mar algumas semanas antes pelos 2 cruzeiros de investigação científica tinha acabado de comprovar a existência de 180.142 nas águas ibero-atlânticas. É dito no documento que estes valores foram "completamente ignorados", isto porque, de acordo com a metodologia do ICES utilizada para a elaboração de aconselhamentos, o importante valor do recrutamento a assumir para o ano do parecer e para as previsões para anos seguintes é calculado com base na média dos cinco anos anteriores. A base argumentativa para este pressuposto é a de que o recrutamento do ano em avaliação vai continuar ao nível dos anos mais recentes, utilizando-se para o efeito médias dos últimos 5 anos. Ou seja, qualquer pico de recrutamento que possa ocorrer, como é o caso de 2018, por mais abundante que seja, será totalmente ignorado e não será utilizado nas simulações do modelo matemático que produz a base das avaliações. Com a integração dos dados efetivos dos cruzeiros de 2018 em termos de biomassa e de recrutamento, os responsáveis do setor afirmam ser possível validar cenários que confirmam a solidez do plano de gestão e, nesse quadro, discutir possibilidades de captura em 2019 superiores a 15.000 toneladas. A frota da sardinha tem regresso ao mar marcado para 3 de junho e para já, será fixada uma quota nacional de 7182 toneladas (66,5% da quota ibérica), mas o Governo avançou que acredita que a revisão da mesma, prevista também para junho, trará melhores notícias. Caso contrário, os pescadores prometem partir para a luta. |
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Março 2024
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