As cerca de 25 organizações da pesca da sardinha espanholas e portuguesas que reuniram esta terça-feira em Peniche, num encontro inédito, decidiram exigir para este ano uma quota de pesca superior a 15.425 toneladas face à melhoria do ‘stock’ daquele recurso.
O setor entende que, para 2019, os governos de Portugal e Espanha devem adotar como ponto de partida um total de capturas daquele valor para os dois países, suscetíveis de serem aumentadas ainda no decorrer do ano. Para Humberto Jorge, presidente da Associação das Organizações de Produtores da Pesca (ANOP) do Cerco, anfitriã do encontro, a melhoria do stock já atestada pelos navios de estudo justifica esta exigência. Este valor ficaria assim acima do de 2018, ano em que foi de cerca de 12.000 toneladas, reduzidas ao longo do ano para 9.000 toneladas, mas ainda assim abaixo das possibilidades de pesca definidas para 2017. Esta posição, a enviar aos governos dos dois países, foi assumida tendo em conta os resultados obtidos em 2018 pelos cruzeiros de investigação científica, ao apontarem para um aumento de 70% da biomassa da sardinha com mais de um ano, entre 2017 e 2018. As 15.425 toneladas, a repartir pelos dois países, correspondem a 10% da estimativa de ‘stock’ existente, fixada em 154.254 toneladas no último parecer do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) para este ano. Para o responsável da ANOP Cerco, a expetativa é de repor rendimentos, num setor onde a sustentabilidade económica e social está em causa, com empresas em situação difícil e pessoas que começam a abandonar o setor. As organizações da pesca do cerco dos dois países decidiram ainda convocar um novo encontro ibérico para 1 de abril, em Lisboa, por ocasião de uma reunião do ICES, também na capital portuguesa, para avaliar o plano de gestão da sardinha, apresentado pelos dois países. Estiveram representadas cerca de 15 organizações espanholas e dez portuguesas, oito das quais associadas da ANOP Cerco. Desde setembro de 2018 que os pescadores de Portugal e Espanha estão sem poder pescar sardinha, situação que se vai prolongar até maio. Para compensar a paragem temporária da pesca, o Governo português estipulou o pagamento de 2.040 euros ao mestre da embarcação e 1.920 euros aos demais pescadores. |
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Março 2024
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