Foi o antigo Presidente da República Jorge Sampaio que, na passada quinta feira, no Museu do Aljube, apresentou o livro “Cadeia do Forte de Peniche", da autoria de Carlos Brito, que mostrou o seu desejo de que fosse construído no local um Museu da Resistência.
Carlos Brito escreve sobre as suas memórias, já que esteve encarcerado na cadeia política de fevereiro de 1960 a agosto de 1966, período em que as condições naquela prisão se agravaram, na sequência da fuga de Álvaro Cunhal e outros dirigentes comunistas, a 03 de janeiro de 1960, que teve como protagonistas os chamados “Dez de Peniche”. Nessa altura, o diretor da cadeia e os carcereiros queriam descarregar sobre os presos o facto de terem deixado fugir outros detidos, indicou Carlos Brito. Neste livro, o autor procura também dar um panorama sobre as fugas e o modo como a prisão era vivida pelos presos ainda que, enquanto presos políticos, todos tivessem lutado pela melhoria das condições da cadeia, sem se acomodarem a ela, "tendo sempre os olhos postos na liberdade e na conquista da liberdade". Na obra, Carlos Brito revela também pormenores sobre o dia-a-dia dos presos políticos, numa das cadeias com pior reputação do Estado Novo. No final do livro, o antigo diretor do jornal Avante! acrescenta ainda alguns documentos da história do forte, como a lista de presos e a ata da libertação. Carlos Brito viveu mais de uma década na clandestinidade, foi preso pela PIDE por três vezes, tendo cumprido mais de oito anos de prisão, seis e meio dos quais no Forte de Peniche. A obra surge numa fase em que se discute e decide o futuro deste monumento, que, segundo o autor, "deve ser utilizado para ali se localizar um museu da resistência", "por tudo o que significa para a liberdade e pela importância que teve na construção da democracia". O livro do ex-dirigente e deputado do PCP, chegou às bancas este fim-de-semana com a etiqueta da Alêtheia Editores. |
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Março 2024
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