Num debate sobre o Estudo de Impacte Ambiental do projeto de modernização da linha do Oeste, que decorreu na passada segunda-feira em Torres Vedras, as maiores preocupações do público tiveram a ver com a preservação do património ferroviário e com as passagens de nível.
O debate foi organizado pelo executivo camarário torreense, mas sem a presença de representantes da Infraestruturas de Portugal - IP. O receio de que as obras de eletrificação e modernização desta via férrea destruam parte do património edificado é justificado tendo em conta o histórico da Refer (hoje IP) nesta matéria, que tem demonstrado uma grande insensibilidade na hora de colocar postes e catenária, altear plataformas e construir edifícios técnicos. As velhas estações, cais de mercadorias, depósitos de água e pequenos edifícios de apoio, são por vezes destruídos, descaracterizados ou desfigurados por abordagens demasiado funcionais que não têm em conta o património e a sua arquitetura e azulejaria. No caso da linha do Oeste, por ser uma das últimas do país a ter um projeto de modernização, as suas estações conservam ainda características quase seculares e são por vezes procuradas para nelas se realizarem produções cinematográficas dado o seu estado de pureza original. No seu conjunto constituem uma rota com elevado valor histórico-patrimonial. Outra das preocupações – manifestada sobretudo por presidentes de juntas de freguesia atravessadas pela via férrea – tem a ver com a manutenção de algumas passagens de nível que, apesar de virem a ser automatizadas, os autarcas de base receiam que venham a constituir um perigo. Mas, por outro lado, os viadutos previstos para substituir algumas das passagens de nível que vão ser suprimidas, são considerados excessivos, com impacto visual negativo e com acessos que poderão criar problemas no trânsito. É o caso, disseram, das passagens desniveladas a construir em Runa, Dois Portos e Outeiro da Cabeça. A linha do Oeste tem um projeto de modernização, no valor de 107 milhões de euros, para ser eletrificada entre Meleças e Caldas da Rainha. O documento em estudo diz que o tempo de percurso em comboio entre Torres e Lisboa deverá reduzir-se dos atuais 100 minutos para 50 minutos. No entanto, é possível que após a modernização, que contempla também a duplicação de 10 quilómetros entre Meleças e Pedra Furada e de seis quilómetros entre Malveira e Sapataria, o tempo de viagem seja ainda mais curto porque a IP fez as simulações com base nas especificações de comboios elétricos antigos e não com as composições atuais, com performance mais elevada. |
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Março 2024
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