A inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade na Fortaleza de Peniche deve acontecer dentro de um ano, segundo anúncio feito pelo ministro da Cultura na cerimónia em que recebeu a sugestão de conteúdos elaborada por uma comissão de antigos presos e historiadores. 3,4 milhões é o custo da musealização do espaço da fortaleza, que será aberta ao público 45 anos depois do seu fecho enquanto prisão política, na madrugada do dia 27 de abril de 1974.
O ministro Luís Castro Mendes considerou que o forte de Peniche trará um turismo cultural muito importante e que os números das visitas a este tipo de monumentos mostram que existe um turismo especializado no que toca a locais que se tornaram símbolos de resistência a regimes ditatoriais e lugares de memória de encarceramento e tortura, dando o exemplo de Auschwitz. O governante considera também ser um ponto de atração para um turismo interessado na História e na memória, com um papel importante na educação e formação dos cidadãos. Domingos Abrantes, ex-preso político, considerou que a Fortaleza de Peniche foi o maior símbolo do sistema prisional fascista. Recorde-se que desta fortaleza realizaram-se fugas impossíveis e que deixaram muito mal vista a PIDE e o governo de Salazar, como foi o caso de fugas individuais como a de Dias Lourenço ou a coletiva em que participou Álvaro Cunhal. O ministro explicou que a verba de três milhões faz parte do Orçamento de Estado e o restante virá de outros fundos. Este total destina-se às obras, já que a aquisição do espólio não está inscrita neste montante pois espera-se que seja oferecido pelos antigos presos e outras pessoas e entidades interessadas na preservação da memória da luta contra o anterior regime. O anúncio foi feito no dia em que passaram exatamente 44 anos sobre a libertação dos presos políticos que estavam no Forte de Peniche no dia 25 de Abril de 1974. Entre esses detidos encontrava-se Pedro Soares, que faz parte da comissão, que assistiu à declaração oficial de que o futuro Museu estava, finalmente, em marcha e com data para ser inaugurado. As obras não ficarão concluídas na sua totalidade dentro de um ano, devendo a requalificação do edifício levar dois anos. Existem 22 gabinetes de arquitetura candidatos ao processo, seguindo-se agora a apresentação do projeto final de musealização daquele espaço, onde irá surgir também uma parte dedicada à exploração turística. Uma convivência que o ministro espera ser pacífica e interessada. O ministro recordou que este anúncio decorre do Conselho de Ministros que se reuniu na Fortaleza de Peniche há um ano e que tomou a decisão de criar um Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, no local simbólico onde antes existiu a tortura e a prisão. Segundo o projeto, este museu irá ter ter onze espaços, dizendo o primeiro respeito à reprodução do Parlatório, que recorda as condições em que decorriam as visitas aos presos políticos, bem como a solidariedade da população de Peniche para com os presos e as suas famílias. Os espaços seguintes serão um memorial da história da Fortaleza e dos que se sacrificaram pela liberdade. O espaço 6 trata do colonialismo e da guerra colonial, seguindo-se a história da resistência antifascista e anticolonialista. O 8 faz a história das fugas de presos políticos do sistema de repressão policial. Os três últimos evocam o 25 de Abril, a libertação dos presos políticos e como era a cadeia. Não faltará a Cela Álvaro Cunhal, com testemunho do trabalho intelectual e artístico que o antigo dirigente do Partido Comunista realizou nesse cubículo. |
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Março 2024
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