Numa altura em que Portugal e Espanha começam a discutir o futuro da pesca da sardinha, representantes dos amadores nacionais defendem uma alternativa ao plano inicialmente traçado pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, que propôs a criação de duas áreas de interdição total de pesca da sardinha em 2018, entre a Ericeira e Comporta, no Sul, e entre a Figueira da Foz e Aveiro, no Centro, afirmando que seria a solução para proteger este recurso biológico. Já os representantes da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (Anopcerco), da Organização de Produtores de Pesca Artesanal (Apropesca) e da Cooperativa de Produtores de Peixe do Norte (Propeixe) dizem que a solução não está na criação de zonas de pesca interdita, mas sim na interdição temporária de pesca em zonas onde sejam identificados cardumes juvenis.
Ambas as regiões em questão, segundo a ministra, são “áreas importantes para a reprodução da espécie”, avançando ainda que estão a ser “mantidas conversas e reuniões de reflexão com as comunidades piscatórias para juntamente com o IPMA, já com informação científica, se poder delimitar áreas em que não haverá pesca de todo, porque são áreas importantes para a reprodução da espécie”. Foi face a estas declarações que alguns representantes de armadores portugueses decidiram dar a conhecer o seu descontentamento perante esta solução, muito por culpa do impacto negativo que ela terá nas embarcações mais pequenas que frequentam as águas em questão. Dos 150 barcos licenciados para a pesca da sardinha, várias dezenas têm menos de 12 metros e trabalham até três ou quatro milhas da costa, com redes de menor dimensão. Humberto Jorge, da Anopcerco, e Agostinho da Mata, da Propeixe, lamentaram o facto da ministra estar a dar como facto consumado uma medida tão pouco consensual, especialmente tendo em conta que o sector tem-se mostrado disponível para sugerir alternativas. Uma delas, avança Humberto Jorge, pode passar pelas tais interdições temporárias. Agostinho da Mata, por sua vez, pede que seja tido em atenção a necessidade de garantir a sustentabilidade desta espécie mas também a sustentabilidade económica e social de um sector que não consegue viver das capturas de biqueirão, cavala ou carapau e cuja reconversão para outras artes acabaria por prejudicar a pesca artesanal, que enfrenta ela também problemas. |
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Março 2024
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